Vadiar pode significar brincar, jogar descontraidamente, sem pressão, usar a roda como campo de confraternização e celebração entre os praticantes, diversão.
Característica comum na tradição de origem africana que se desenvolveu no Brasil, como o samba e o jongo por exemplo, momento de resgatar sua origem e essência.
Os escravos capturados sem trabalhar eram chamados de vadios no tempo das Senzalas. O sofrimento era grande, o trabalho a lei, cuja violação era punida com violência e crueldade.
Tudo aquilo que não fosse parte da rotina de trabalho era tratado como vadiação, uma afronta a lei mesmo quando "permitida" pelos senhores de engenho na estratégia minuciosa de deixar o povo reprimido, descarregar sua ânsia de liberdade e aliviar a rebeldia acumulada.
Mas era justamente neste momento que o negro resistia ao domínio. Mantinha sua cultura e identidade viva e forte, sua crença, espiritualidade, e transformava toda essa energia em luta que congregava na união do grupo para as batalhas pela liberdade. Através dos momentos de "vadiação" os negros escravos conspiravam a sua revolta.
A vadiação passou a tornar-se necessidade do povo negro e ao gerar fugas e motins, as autoridades começaram a perceber o perigo representado por essa vadiação. Mas já era tarde, e o negro já não podia mais deixar de vadiar e mesmo sob a cruel perseguição dava o seu "jeito" de praticar suas atividades.
A vadiação passou a simbolo de resistência de admirável diversidade e riqueza, fontes infindáveis de cultura com corpo e forma. O samba, a capoeira, o afoxé, o jongo ganhou força e cresceu, resistiu, e na visão do feitor uma simples forma de distração do negro vadio, transformou-se em uma arma de guerra.
"Vadiação é rebeldia, uma rebeldia em forma de festa, uma rebeldia em forma de arte."
Suporte e bibliografia:
http://ahoradacapoeira.blogspot.com.br/
Soldado Capoeira
- livro:
"O Barracão do mestre Waldemar", de Frede Abreu, Organização Zarabatana, Salvador, 2003