Naturalmente Capoeira trará informações baseadas na cultura popular brasileira.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

A arte de celebrar a vida!

Iniciaram as vendas do livro, CAPOEIRA: A ARTE DE CELEBRAR A VIDA. 
Um livro que compõe uma grande amostra de imagens, pensamentos e poesias que narram não só as experiências do autor na arte, mas seus aprendizados da Capoeira para vida! 
Um livro para todos, como descreve o editor: "um livro de filosofia da vida através da cultura popular". Imperdível!




domingo, 1 de maio de 2016

Uma tradição centenária!

Matéria do Jornal Lince retratando o Jongo de Tamandaré

O jongo é uma prática ritual que remonta ao tempo dos escravos africanos no Brasil. Praticado desde, pelo menos, o século XIX, conforme atestam registros históricos, temos sua presença ainda hoje em determinadas localidades da região sudeste brasileira (Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo). 

Neste artigo, iremos conhecer um pouco mais do jongo que é praticado no bairro Tamandaré, situado no Município de Guaratinguetá-SP, a 163 Km da capital de São Paulo e a 237Km da capital do Rio de Janeiro, fazendo divisa com os municípios de Pindamonhangaba, Potim, Aparecida, Lagoinha, Cunha, Lorena e Piquete, compondo o complexo do Vale do Paraíba Paulista. 

O bairro Tamandaré possui pouco mais de dez ruas cuja via principal é a Rua Tamandaré por onde passam, obrigatoriamente, todos aqueles que entram ou saem do bairro, não havendo outra entrada ou saída que não seja esta rua. Uma rua comprida que se inicia próximo ao terminal rodoviário de Guaratinguetá e se estende até próximo ao Bairro dos Motta (zona rural do município, também conhecida como “roça”), e sobre a qual atravessa a Via Dutra. Esta rua comporta a maior parte dos jongueiros do bairro, embora outros estejam localizados nas ruas menores. 

O citado Bairro dos Motta é importante, pois àquele lugar é atribuída a origem do jongo no Tamandaré que, na narrativa dos jongueiros, se deu através de negros migrantes. O casal de negros libertos Henrique Martins e Angelina Martins é tido na memória dos moradores do bairro como o casal que trouxe o jongo para Guaratinguetá há quase 150 anos atrás. Suas netas, Dona Mazé e Dona Fia, são quem contam a história . Versão que é endossada por outros moradores no bairro.

Contando a origem do jongo em Guaratinguetá, Dona Mazé diz que:

“Eles (seus avós) depois de libertados vieram e ganharam (uma imagem de) (...) São Pedro e meu avô comprou um sítio lá no Bairro dos Motta. Aí ele começou a fazer a festinha do jongo lá no sítio dele. Ele vinha aqui na Boa Vista , pegava todo mundo e levava pro sitio dele.

aí ele fazia a festinha lá, todo mundo ia, bebia lá, comia lá, ficavam lá. No outro dia é que vinham embora. Daí eles ficaram demais velhinhos né, vieram embora pra casa da minha mãe e do meu pai (na Rua Tamandaré) e faziam o jongo. Daí eles pediram, ‘_ Ah! Não deixa a festa morrer!’, né! ‘_ Enquanto existir uma pessoa da família, não deixa a festa morrer, nem que seja só a reza vocês fazem!’. Então nós pegamos e continuamos. Por enquanto, enquanto a gente tiver força e saúde nós vamos continuar com o jongo”.

A fala de Dona Mazé aponta o bairro dos Motta, a roça, como um espaço privilegiado da festa de jongo no passado. 

Não apenas o jongo, mas outras festas são mencionadas pelos jongueiros quando se referem àquele espaço:

“Meu pai mesmo, nunca foi de dançar muito jongo não. Ele gostava mesmo era de cana-verde que ele fazia lá na roça. Cana-verde é bom, rapaz! É que nem repente que a gente faz. E tinha uns dançadores bons de cana-verde viu, mas que hoje já morreram tudo. Eu era moleque quando ia com meu pai que morava na roça. Porque eu nasci aqui na Tamandaré, mas meu pai morava na roça e quando eu ia lá, rapaz, eu via eles na cana-verde e eu aprendi”. 

A festa de Santa Cruz , tão expressiva no interior paulista, também se faz presente na memória dos jongueiros do Tamandaré. Como a cana-verde e o jongo, a festa de Santa Cruz, segundo os jongueiros, se localizava na roça.


segunda-feira, 18 de abril de 2016

TODOS SOMOS UM



Em ânsia de libertação, ambição de dias melhores é tempo de união! Todos somos um chegou em boa hora e agora não retrocederemos! Vamos em frente nesta árdua batalha pelo reconhecimento e consequentemente supriremos as reais necessidades de todo um segmento! Viva a capoeira porque ela é viva e enquanto viva estiver haverá esperança de conquistas! Juntos, unidos e aliados temos tanta força que nem nós sabemos, descobriremos um dia e a partir daí invencíveis seremos! A fé é nossa guia e nos direciona a bons caminhos! Façamos história e no futuro a memória a nós retornará!


quinta-feira, 10 de março de 2016

Roda de Capoeira: diferentes visões


O que define uma roda de capoeira é a sua pluralidade de interpretações e  concepções direcionada pelo ritual, ancestralidade e tradições transmitidas de gerações para gerações.

O círculo que forma a roda é conhecido na cultura africana e indígena como uma corrente de energia cíclica que circunda todo o ambiente da manifestação, e entre a diversidade de diálogos é capaz de transcender nossos entendimentos e limites.

Magia pura! Encantamento, felicidade e aprendizado constante... A roda ensina do mais novo ao mais experiente, lições de vida e evolução! Puro sentimento, deixar-se levar pelo som dos instrumentos e pela cantoria repetitiva que é capaz de levar o indivíduo ao transe!

Berimbaus que conversam entre si, pandeiros e percussão trocam informações e complementam a mensagem da bateria aos jogadores, que além de conversarem corporalmente entre si, respondem ao som da musicalidade que leva o espectador a bater palmas e cantar. Tudo isso conectado em uma só energia!

O mais interessante é que cada Roda de capoeira têm sua própria característica, que muda de região em região, de mestre para mestre, linhagem para linhagem... Entre as tantas verdades, cada roda ensina, diferentes visões, mas que geralmente levam para um mesmo caminho! É como a casa, o lar, de um ancião. Tem suas rotinas, suas regras e um bom visitante precisa interpretar e saber respeitar o espaço do ancião.

Não há "juízes" mas todos julgam, e de cada lugar da roda a visão do movimento e do diálogo entre os jogadores é diferente... O que você vê de um "lado" da roda, outro colega talvez não veja do "lado" dele, o que torna o jogo subjetivo dentro de uma grande objetividade e eficiência camuflada na dança e ginga dos corpos maliciosos e audazes.

Indefinível portanto! É sentir, viver, participar para saber o que significa a Roda e que a roda de hoje será diferente da roda de amanhã...


domingo, 6 de março de 2016

O Tambú e o Candongueiro!

Falar de tambores não é fácil. Conotações naturais e sobrenaturais ilustram as pesquisas teóricas e de campo para engrandecer o conhecimento do leitor.

Ligados e conectados aos rituais que se relacionam às danças, à música, à literatura e à religiosidade a força dos batuques está presente como elemento fundamental, chegando a exprimir a identidade profunda de uma música intimamente ligada ou de uma linguagem falada.


"Chama sinhá candongueiro chama sinhá
Chama sinhá candongueiro chama sinhá
Pode me chamar que eu vou
Pode me chamar que eu vou"

"O repicar do Candongueiro atravessa os vales, avisando aos jongueiros das fazendas distantes que é noite de Jongo." Jongos do Brasil


O Jongo é desenvolvido ao som dos tambores, o Tambú, ou caxambu (som grave) e o Candongueiro (som agudo). Tambores primitivos feitos de tronco escavado de árvore e couro animal pregado na madeira. De origem Banto conhecidos como "NGOMA" em Angola e no Brasil, aquecidos e afinados no calor de uma fogueira onde o fogo "estica" a péle e afina naturalmente o tambor. Também utiliza-se barricas de vinho como estrutura dos tambores.


Fabricados pelas comunidades quilombolas de maneira artesanal, carregam em si um grande significado de vínculo com os ancestrais. Na religiosidade africana o tambor é uma entidade que faz a ligação e a comunicação entre os planos espirituais e terreno. No Jongo cada tambor é considerado como um integrante da roda por representar a ligação entre a comunidade e a ancestralidade jongueira.

No início da festa os jongueiros saúdam os tambores e pedem a benção aos "mais velhos" tocando no couro em sinal de respeito e ao final repete em sinal de gratidão.

"Oh Tambú, meu tambú
quando eu for me embora para bem longe

quando eu for me embora para bem longe
eu levo comigo
esse som que bate forte no meu coração"



sábado, 13 de fevereiro de 2016

Um momento para TODOS!

Em um universo em que o brilho muitas vezes ficou restrito ao individualismo, nos trouxe até aqui a figura de poucos heróis para a história atual, exaltando uma ou algumas qualidades pessoais que tornaram esses heróis espelhos à novas gerações.

A capoeira é individual?

Atualmente os caminhos têm se demonstrado contraditórios à capoeira de outrora e o coletivo vem conquistando um espaço imenso nas perspectivas futuras. Somos uma classe, um conjunto e organizados teremos representatividade forte e eficiente dentro de um sistema de poderes, burocracias e leis.

Já não somos tão bobos e alienados ao nosso vício de apenas "jogar" capoeira, estudamos, aprendemos novos caminhos e manobras, nos especializamos em outros departamentos e segmentos sociais. Estamos em um forte processo de união e a "deficiência" de um será suprida pela "excelência" de outro, a "ignorância" de um pela "inteligência" de outro e nesta troca de figurinhas, seremos completos e fiéis aos nossos princípios.

Quando comecei, ser reconhecido dentro do grupo já era uma vitória, afinal o grupo era quase fechado e muito grande, mas não era a filosofia de um único grupo e sim, uma tendência filosófica de levar a capoeira! Um egocentrismo e um egoísmo exagerado onde "aqui" é certo e "lá" é errado, o que você aprende "aqui" é segredo, intocável, é "nosso"! Hoje não, que bom que existe evolução e posso perceber que amigos não necessariamente vestem a mesma camisa e podem se encontrar para trocar qualquer tipo de "segredo", que já não é um segredo, um caminho, uma ajuda, um auxílio, seja ele físico, técnico, rítmico ou burocrático.

O coletivo têm força e neste processo de sobrevivência, união, não só faz a força, como também, vence batalhas! É um momento especial... Sejamos humildes, pacientes e flexíveis para evoluir no conjunto. Vamos parar de andar em círculos e bater cabeça, pois é tempo de um capoeirista não concorrer com outro capoeirista e sim dar as mãos para vencer o sistema nem que para vencê-lo seja necessário ingressar dentro dele.

Inspirado no Movimento TODOS SOMOS UM
e na amizade com outros capoeiristas que deixam de lado sua vaidade pessoal para ajudar o próximo com projetos, empregos, indicações de trabalho, etc...

axé a toda CLASSE capoeirística.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Um conflito de denominações em um universo de contradições!

Não é uma crítica! É reflexão, pensamento e exposição para um coletivo de confusões (me insiro nele) encontrar um caminho...

Sempre ouviu-se que ou se é capoeira Angola ou capoeira Regional até que apareceu há aproximadamente duas ou três décadas, o termo "contemporânea". Termo este, que para muitos não pode ser classificado como um "estilo" de capoeira.

Muitos defendem a capoeira como um Todo, "capoeira é uma só", como dizia Mestre Canjiquinha e como desabrochou a capoeira em São Paulo, livre de paradigmas e preceitos. Seria mais simples assumir a capoeira como simplismente Capoeira?

Alguns angoleiros de fato, não aceitam essa pluralidade, defendem uma capoeira tradicional, com linhagem e ancestralidade. Por outro lado, "filhos" de Bimba, herdeiros da capoeira Regional quando vêem a capoeira atual que se denomina Regional contemporânea, afirmam com propriedades que passa longe da Regional tradicional de Mestre Bimba. 

Então se a capoeira que ganhou o mundo, que é a mais jogada atualmente, dentro desta pluralidade de expressões e "novos" rituais e tradições, como deve ser denominada, classificada ou rotulada, se não é Angola ou Regional?

Temos que retroceder? não aceitar evoluçõesPodemos evoluir e manter as tradições dos antigosDeve-se apenas escolher um de dois (02) caminhos e se engessar no tempo?

Particularmente acredito que muitas destas respostas não serão encontradas na roda de capoeira, ou nos livros de fundamentos e história e sim no próprio indivíduo capoeirista, quando ele deixar de criticar, julgar, desfazer e diminuir a escolha do outro e consequentemente admirar, respeitar, interagir e aprender com as diferenças apresentadas na tradição ou nas evoluções.

A partir daí voltaremos ao simples e natural, onde cada qual apresenta suas qualidades, ensinando ou aprendendo, se divertindo na "vitória ou na derrota" livre de uma competição para ver quem é maior ou melhor ou "dono da razão", e somente quem vai ganhar e estar à cima de tudo é a CAPOEIRA.