Naturalmente Capoeira trará informações baseadas na cultura popular brasileira.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Roda de Capoeira: diferentes visões


O que define uma roda de capoeira é a sua pluralidade de interpretações e  concepções direcionada pelo ritual, ancestralidade e tradições transmitidas de gerações para gerações.

O círculo que forma a roda é conhecido na cultura africana e indígena como uma corrente de energia cíclica que circunda todo o ambiente da manifestação, e entre a diversidade de diálogos é capaz de transcender nossos entendimentos e limites.

Magia pura! Encantamento, felicidade e aprendizado constante... A roda ensina do mais novo ao mais experiente, lições de vida e evolução! Puro sentimento, deixar-se levar pelo som dos instrumentos e pela cantoria repetitiva que é capaz de levar o indivíduo ao transe!

Berimbaus que conversam entre si, pandeiros e percussão trocam informações e complementam a mensagem da bateria aos jogadores, que além de conversarem corporalmente entre si, respondem ao som da musicalidade que leva o espectador a bater palmas e cantar. Tudo isso conectado em uma só energia!

O mais interessante é que cada Roda de capoeira têm sua própria característica, que muda de região em região, de mestre para mestre, linhagem para linhagem... Entre as tantas verdades, cada roda ensina, diferentes visões, mas que geralmente levam para um mesmo caminho! É como a casa, o lar, de um ancião. Tem suas rotinas, suas regras e um bom visitante precisa interpretar e saber respeitar o espaço do ancião.

Não há "juízes" mas todos julgam, e de cada lugar da roda a visão do movimento e do diálogo entre os jogadores é diferente... O que você vê de um "lado" da roda, outro colega talvez não veja do "lado" dele, o que torna o jogo subjetivo dentro de uma grande objetividade e eficiência camuflada na dança e ginga dos corpos maliciosos e audazes.

Indefinível portanto! É sentir, viver, participar para saber o que significa a Roda e que a roda de hoje será diferente da roda de amanhã...


domingo, 6 de março de 2016

O Tambú e o Candongueiro!

Falar de tambores não é fácil. Conotações naturais e sobrenaturais ilustram as pesquisas teóricas e de campo para engrandecer o conhecimento do leitor.

Ligados e conectados aos rituais que se relacionam às danças, à música, à literatura e à religiosidade a força dos batuques está presente como elemento fundamental, chegando a exprimir a identidade profunda de uma música intimamente ligada ou de uma linguagem falada.


"Chama sinhá candongueiro chama sinhá
Chama sinhá candongueiro chama sinhá
Pode me chamar que eu vou
Pode me chamar que eu vou"

"O repicar do Candongueiro atravessa os vales, avisando aos jongueiros das fazendas distantes que é noite de Jongo." Jongos do Brasil


O Jongo é desenvolvido ao som dos tambores, o Tambú, ou caxambu (som grave) e o Candongueiro (som agudo). Tambores primitivos feitos de tronco escavado de árvore e couro animal pregado na madeira. De origem Banto conhecidos como "NGOMA" em Angola e no Brasil, aquecidos e afinados no calor de uma fogueira onde o fogo "estica" a péle e afina naturalmente o tambor. Também utiliza-se barricas de vinho como estrutura dos tambores.


Fabricados pelas comunidades quilombolas de maneira artesanal, carregam em si um grande significado de vínculo com os ancestrais. Na religiosidade africana o tambor é uma entidade que faz a ligação e a comunicação entre os planos espirituais e terreno. No Jongo cada tambor é considerado como um integrante da roda por representar a ligação entre a comunidade e a ancestralidade jongueira.

No início da festa os jongueiros saúdam os tambores e pedem a benção aos "mais velhos" tocando no couro em sinal de respeito e ao final repete em sinal de gratidão.

"Oh Tambú, meu tambú
quando eu for me embora para bem longe

quando eu for me embora para bem longe
eu levo comigo
esse som que bate forte no meu coração"