O ato de dar a umbigada em grande parte das manifestações de origem africana é um dos movimentos mais tradicionais e característicos desta cultura rica e grandiosa que atravessou o oceano atlântico e chegou ao Brasil. É claro, sofreu grandes ou pequenas transformações, mas manteve toda uma essência e fundamentalismo do povo africano.
Chamada de Semba na lingua quimbundo dos negros bantos de Angola, a umbigada era efetivamente a regra, mas com o tempo, costumes e tradições locais substitui-se em determinados locais e determinadas dança,s a umbigada por gestos equivalentes, simulando a semba, como toque de perna, aceno de um lenço ou o próprio gesto mímico.
Neste Blog enfatizamos a beleza e as tradições do Jongo. Pode-se dizer que o Semba deu luz ao Jongo que por sua vez deu origem ao samba moderno. E realmente no jongo não preserva-se a umbigada de fato, mas o gesto representativo da umbigada. Talvez pelas pressões e influências da igreja católica na censura do toque na umbigada em conotação sexual.
Além do jongo pode-se destacar inúmeras danças afro brasileira de umbigada: Tambor de crioula, Punga, Cacuriá, Samba de roda, Coco, Lundu, Batuque...
Dentre estes exemplos reais e vivos de danças e manifestações afro, as umbigadas podem ser alternadas via regra, entre Homens e Mulheres ou simplesmente entre Mulheres. A umbigada entre homem e mulher remete à reorganização do universo. O umbigo é o nosso primeiro meio de comunicação com o universo, canal de alimentação entre filho e mãe. O umbigo é visto como o centro do corpo que se conecta com as energias de todo o universo.
O movimento da umbigada é uma troca de energia entre dois corpos. Expressam na dança e na gestualidade, cerimoniais de fertilidade e núpcias da região de Congo e Angola. Dentro da cultura Banto a umbigada celebra o momento único em gratidão ao dom da concepção.
Aos olhos do europeu, via-se uma conotação sexual, na qual, a separação entre sagrado e profano não existia. Na visão de matriz africana a sensualidade não é pecado! Por este motivo o batuque não acontecia de dia, somente sendo permitido pela noite, longe dos olhares das crianças, e após o fim da escravidão, somente fora dos centros urbanos, resistindo então, nos ambientes rurais.
A resistência desta rica cultura deve-se à força da ancestralidade e a todos que buscam, estudam e vivenciam dentro das comunidades especificas, toda e qualquer informação para ajudar a perpetuar o que as comunidades já o fazem transmitindo o saber de geração para geração.
Que incrível, maravilhada com tanta riqueza em linhas de amor e resistência. Obrigada.
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